terça-feira, 29 de maio de 2012

São os jovens, candidatos!


Os jovens constituem o público mais afetado pelo desemprego, mesmo em tempos de bonança. Na crise, recai sobre eles um pesado tributo da maior taxa de desocupação – logo de menores ganhos, de piora na qualidade de vida e de menores perspectivas e de esperança no futuro. É para esse público que certamente deveriam se voltar os que neste ano pretendem ser candidatos.

O primeiro passo é essencialmente identificar as demandas dos estratos etários mais jovens da população. Tarefa bastante simples, embora trabalhosa, porque requer a disposição para ler as estatísticas oficiais fresquíssimas liberadas pelo IBGE e, ato contínuo, se dispor a ouvir os jovens pessoalmente. Isso pode fazer bem não apenas ao candidato, que conquistará votos, mas às cidades, que poderão ter políticas menos sonhadoras para atender àquilo que a juventude quer e deseja.

A questão crucial da ocupação dos jovens precisa ser enfrentada pelos municípios. Não com políticas públicas malfeitas, ou, pior que isso, feitas para não funcionar. Caso típico dos programas de qualificação de mão de obra, que, sem fiscaliza- ção, tem se convertido em um grande ralo por onde escoa e definitivamente somem dezenas de milhões de reais. Verdadeiramente, certos programas para educação e instrução profissional de jovens são uma vergonha nacional, tal a desfaçatez com que se desvia dinheiro através deles.

Então, se existem políticas públicas malfeitas, mal utilizadas ou que nada ou quase nada concorrem para melhorar a vida dos estratos demográficos mais jovens no país, os candidatos a prefeito e a vereador precisam assumir compromissos com eles para mudar essa realidade. Mudança possível porque ocorre é nos municípios a gastança irresponsável e sem foco de dinheiro em programas para melhorar a vida dos jovens – muitas vezes sob o disfarce de cursos, eventos e projetos com muito verniz e pouco conteúdo.

Ouvir os jovens, então, é uma ação que nesta campanha precisa ser levada a efeito não somente por interesse nos votos da juventude – perto de um quarto do eleitorado, em média. Precisam-se ouvir os jovens para que se corrijam distorções em programas e ações de governo, que precisam ser mais eficientes, já que as estatísticas de desemprego e desocupação não se movem para baixo, mesmo com todo o dinheiro gasto.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O diagnóstico da anencefalia


Os casos de gravidez de feto com anencefalia sempre gerou uma controvérsia constitucional entre profissionais de saúde. A dúvida colocava os profissionais sob risco de processos penais, motivo pelo qual os ministros do STF decidiram, no dia 12 de abril de 2012, por 8 votos a favor e 2 contra, que o aborto em caso de anencefalia deixa de ser crime no Brasil.

Um decisão louvável, que tira um fardo das costas dos profissionais de saúde e oferece para a mãe o direito de decidir se deve ou não levar a gestação adiante. Até então, no Brasil, se uma mulher descobrira que gerara um feto nestas condições era obrigada a pedir autorização da justiça para interromper a gravidez. Às vezes demorava tanto que quando conseguia uma resposta, a criança já havia nascido e falecido.

Afinal, não há casos que comprovem vida de portadores de anencefalia por muitos dias. No total, foram solicitadas cerca de 10 mil autorizações judiciais no Brasil desde 1989 para interromper gestações nessas condições, das quais apenas 3 mil foram aceitas. No Piauí, os dados mensurados a partir do ano de 2010 registram cinco casos de gravidez com fetos anencéfalos.

Em todos os casos as grávidas optaram por interromper a gravidez e passaram por um processo de decisão do conselho de ética da Maternidade Dona Evangelina Rosa. Agora existe um amparo legal para isso. Segundo as normas publicadas pelo Conselho Federal de Medicina no Diário Oficial da União, a anencefalia deverá ser atestada por pelo menos dois médicos com base na ultrassom feito a partir da 12ª semana de gestação.

O laudo, assinado pelos dois médicos, deve conter ainda duas fotografias feitas pelo ultrassom, mostrando lados diferentes da cabeça do feto. A partir do diagnóstico a gestante poderá decidir a gravidez, interrompê-la imediatamente ou adiar a interrupção.

A resolução do CFM prevê, também, a orientação para a gestante, tanto no momento do diagnóstico quanto após a antecipação do parto. A ideia é oferecer planejamento familiar e assistência de concepção, quando for necessário.

Vale lembrar que se levar a gravidez adiante, a grávida pode correr sérios riscos. Como o bebê não tem encéfalo não produz hormônios que favorecem o equilíbrio das funções intrauterinas provocando assim o
aumento excessivo do líquido amniótico.

Além disso, o bebê anencéfalo não produz substâncias que ajudam a desencadear o trabalho de parto. Esses dois fatores podem aumentar demais o volume do útero, levando à insuficiência respiratória e outras
complicações durante o parto. A anencefalia trata-se de uma má formação congênita que ocorre, principalmente, nas mulheres mais jovens ou com idade acima de 35 anos. É possível diagnosticar por volta da 12ª semana de gestação.



FRANCISCO MARTINS
OBSTETRA DIRETOR DA MATERNIDADE

Água e desenvolvimento


O Estado do Ceará quer que a União banque a maior parte de uma obra hídrica chamada ‘Cinturão das Águas’ – megaprojeto de integração de bacias hidrográficas e barragens com orçamento final previsto em R$ 7 bilhões. Somente para as obras iniciais está previsto R$ 1,5 bilhão. É dinheiro superior a todo o conjunto de investimentos planejados ou previstos para o Piauí pelos próximos cinco anos à duração do
Plano Plurianual de Metas aprovado pelo governo federal.

Segundo a descrição do governo do Ceará para o projeto, seu objetivo é “dar segurança hídrica a 92% da população cearense”. Irrigação e cultivo de frutas para exportação obviamente estão nos planos cearenses. Pela proposta, seriam utilizados 45 mil metros cúbicos de água do rio São Francisco, a serem lançados no rio Jaguaribe. O ‘Cinturão’ terá um canal principal no entorno da Chapada do Cariri e que vai atravessar
áreas das bacias dos rios Jaguaribe, Poti e Acaraú, com cerca de 545 quilômetros.

Projeto caro, mas viável sob o ponto de vista técnico, embora sempre perpassem dúvidas sobre os riscos
ambientais envolvidos. Mas esse é um tema que os cearenses vivamente colocam como de somenos importância – algo que não ocorreria no Piauí, onde, além de faltarem projetos, quase sempre uma obra hídrica de grande importância encontra sempre os obstáculos ambientais variadíssimos e uma sobrecarga de má vontade dos que preferem pensar pequeno.

O Piauí pode e deve buscar alternativas para ampliar sua capacidade de atendimento às demandas hídricas – sobretudo no semiárido. E não somente com o fito de fornecer água potável às populações residentes naquela região, mas também seguindo um viés econômico de uso da água para produção agropastoril.

Não podemos nem temos o direito de pensar pequeno e de não mais agir com a mesma ousadia que marcam projetos hídricos no Ceará. É um dever que a atual geração de piauienses tem para com as gerações futuras: fazer com que a água seja um bem natural e econômico cada vez mais acessível a todos.

domingo, 27 de maio de 2012

A cidade [que] frita, porém poética


Teresina é uma cidade das mais quentes dessas terras brasileiras. Embora tenha sido agraciada por ser uma terra mesopotâmica, o calor que aqui presenciamos é de fritar, quiçá, até um ovo no asfalto quente. É partindo desse ponto que tanto nos chama a atenção para puxar uma conversa, que pretendo falar do livro de Rodrigo M. Leite, ‘a cidade frita’ (em letras minúsculas mesmo!). Rodrigo é um pacato estudante de Letras que, assim como outros, tem grande encanto pela poesia. Todavia seu encanto não é somente por ela, pois o divide com a cidade de Teresina.

Queria eu conhecer um rapaz mais apaixonadoa na sua idade, pela nossa Chapada do Corisco. Grande pesquisador da poesia que tem como temática nossa cidade, como também agora militante de preservação dos pontos históricos da capital.

O livro ‘a cidade frita’ tem como tema central, que já deveríamos saber por essas paixões aqui citadas por mim, nossa linda Teresina. Rodrigo, nas entrelinhas de seu livro, procura fazer um panorama de um teresinense que vive a cidade com intensidade, no entanto, dando destaque às regiões perto do centro da cidade. Observamos isso devido ao mapa presente no livro com os traços quase implacáveis de Saraiva como também a presença dos bairros descritos nos poemas. Não escapam aos olhos do poeta os mínimos detalhes de nossa cidade. As meninas que escapam do balé de Teresina, o prazer de ficar sentado em um banco de praça numa tarde de terça-feira. Tudo isso é constituído como uma fotografia na mente do poeta que depois é revelado em forma de poesia.

Às vezes nos deparamos com pessoas e não damos conta de sua importância. Passamos por elas e nem oferecemos atenção às mesmas, muitas vezes por nos acharmos superiores a elas e também tentando mascarar a realidade social na qual estamos inseridos. Que atire a primeira pedra quem não percebe a degradação dos usuários de crack no centro da capital, a grande quantidade de mendigos e morados de
ruas e aquelas pessoas que trabalham de maneira simples e humilde para obter seu pão de cada dia. O que me chamou atenção em um dos poemas de Rodrigo é que ele conseguiu transformar essa degradação social em uma poesia sui generis. Consegue dar vida àquelas pessoas que andam no anonimato e que mesmo assim não perdem a vontade de viver e sentir nossa cidade.

E no final, “a imprensa no dia seguinte não noticiou o acontecido”.

Eu acredito que as pessoas estão perdendo sua sensibilidade. Não estou aqui defendendo que devemos amar as coisas como se fossem as únicas na vida e muito menos que todos deixem despertar o poeta que vive em cada um de nós. Mas acredito que devemos dar mais importância às coisas que presenciamos. Não precisa ser de maneira profissional e nem artística, mas como simples expectadores do dia a dia. Assim como Rodrigo torna importante os urubus que lançam voos nos céus do Parque Piauí esperando que a dona Maria jogue os pedaços de frango no meio da rua, perceber os espaços de sociabilidade que são os botecos perto do Verdão, ver como é incrível a imagem da moça do outdoor permanecer intacta mesmo com sol e chuva e que a mesma pode estar na sua casa assistindo o comercial que ela fez fazendo as unhas e cabelos. Pensar o quão incrível é você ficar sentado numa praça que tem o nome de Desilusão, mas ficar se iludindo com teorias acadêmicas na Universidade Federal do Piauí e sentir que o calor que aqui reina, embora seja ponto de muita reclamação, é de suma importância para nós, pois quando chove e começa
aquele friozinho todos querem de volta o lindo sol do Equador.

O que o livro ‘a cidade frita’ traz para mim é que devemos dar mais valor ao lugar de onde somos e às nossas origens. Perceber que os lugares mais simples de nossa cidade se tornam espaços incríveis dependendo de sua percepção de mundo e imaginação. Podemos imaginar que até mesmo o Cabeça de Cuia vai lá na Ponte Estaiada num final de tarde ver que aqui temos o pôr do sol mais lindo do Brasil. Resumindo, ‘a cidade frita’ é um livro no qual Rodrigo M. Leite faz seu elogio a Teresina e nos deixa a dica para viver com mais intensidade nossa cidade.




VINICIUS ALVES CARDOSO
ESTUDANTE DE HISTÓRIA

A política pede socorro


Historicamente, em regra, a política foi vista como uma coisa ruim pela opinião pública, com descrédito popular. O fato é que existe muita demagogia nisso tudo. Podemos confirmar isso na citação de Luís Fernando Veríssimo:

“Brasil: esse estranho país de corruptos sem corruptores”. Evoco aqui o ato fundante da moralidade política de Rui Barbosa: “No Brasil existem muitos eleitores corruptos exigindo políticos sérios e honestos”. Ele foi exemplo para Jesualdo Cavalcanti que viveu tantas e tais experiências e costuma dizer que a política geralmente praticada é, por vezes, demolidora de reputações.

Pois tende a nivelar os políticos por baixo, isto é, colocar no mesmo nível os bons e os maus, para satisfação dos portadores de baixos instintos. Mas, apesar disso, temos que reagir participando do processo, em nome de valores que dignifiquem o ser humano e aperfeiçoem a democracia. A má educação cívica é a causa de tudo. Os políticos representam as qualidades e os defeitos da sociedade. Se existe um corrupto é porque existe também um corruptor.

No julgamento de Jesus Cristo o povo foi consultado: “Jesus ou Barrabás?”. O povo escolheu Barrabás para ser absolvido e Jesus Cristo foi para a cruz. Portanto, o povo, em parte, não tem autoridade moral para reclamar da situação; toda escolha parte dele. Não admitamos o falso moralismo. Aquela velha história, a culpa sempre é dos outros. Vamos fazer mea culpa.

A política é uma missão nobre do cidadão. É a arte e a essência do bem comum. Da coisa coletiva. Política é nosso dia a dia. Como diz FHC, por mais desmoralizada que seja atualmente a atividade política, alguém tem que se ocupar da tarefa de governar (...).

O que fazemos e deixamos de fazer na política faz toda a diferença. A falta de interesse do cidadão (de bem) pela política é que deixa o espaço vago para ser ocupado pelos mal-intencionados. O silêncio dos bons nos preocupa.

Devemos reagir, para não permitir que pessoas descomprometidas com a sociedade continuem usando a política em benefício único e exclusivo da sua família. Pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si.

Não devemos fugir jamais dos problemas, nem omiti-los. O brasileiro, em regra, costuma se omitir. E as crises morais só aumentam. Não vamos deixar as coisas como estão, pra depois vermos como vão ficar. Demanda-se interferência no sistema. A política é importante demais para a sociedade. De forma que não pode ser descuidada ou ignorada.

Não milite através de falácias. Una pensamento e ação. Case palavras e atos. Dê ao discurso a força transformadora.

Fale, enxergue, aja e realize. Escolher bem é além de um direito, é um dever.




MARCOS OLIVEIRA DAMASCENO
ESCRITOR DOUTOR EM FILOSOFIA POLÍTICA

Exercícios físicos


Prefeituras como a de Teresina, mas também de cidades do interior do Piauí, têm tido um cuidado simples, barato e eficiente para com a saúde das pessoas: criado espaços para a prática de exercícios ao ar livre, sejam caminhadas, sejam séries de musculação em equipamentos próprios. Essas são medidas dignas de aplausos.

O sedentarismo ainda é um dos mais fortes inimigos da saúde pública brasileira, pois concorre para as doenças cardiovasculares, que são as que mais matam pessoas no país. Como muita gente pode legítima e justificadamente alegar a ausência de equipamentos urbanos para a prática de exercícios, a ação das prefeituras em criálos é uma medida alvissareira e que precisa ser estimulada.

Estas medidas podem parecer uma coisa muito simples, mas se trata de uma ação de saúde muito importante a criação de espaços e equipamentos de uso público para os exercícios físicos ao ar livre. Eles ajudam a reduzir doenças crônicas, sobretudo em pessoas de mais idade, seja em Teresina, seja em qualquer outra cidade.

Todos sabem o quanto as atividades físicas são importantes para a saúde física e mental das pessoas. Mas nem todos os gestores públicos conseguem entender que deve construir e preservar os equipamentos para exercícios físicos e práticas esportivas. Tanto é assim que em boa parte das cidades do interior do Piauí as caminhadas são feitas ao longo das rodovias, com riscos de acidentes aos praticantes.

Parece adequado que os prefeitos comecem a ver esse tipo de investimento com mais cuidado. Isso porque existe uma procura crescente pelas práticas esportivas e caminhadas; esse é um investimento barato com uma mais que positiva relação custo/benefício, sobretudo em relação à melhoria da qualidade de vida e à redução de gastos com saúde.

Para além dessas medidas, que podem ser feitas agora ou assumidas como metas de campanha para o mandato de quatro anos que começa em janeiro de 2013, os prefeitos também deveriam começar a se preocupar em contratar educadores fí- sicos para atuar em suas comunidades. Equipamentos urbanos para exercícios físicos aliados a ajuda profissional qualificada certamente representam um enorme salto na qualidade de vida das pessoas.

sábado, 26 de maio de 2012

Estiagem


Maio ventoso, mês formoso. Abril. Chuvas mil. Contrariando os refrões e as estações, Teresina ultimamente tem andado às avessas. Saudou o anteriormente chuvoso mês com uma elevação de temperatura digna dos br-ó-brós e as chuvas vieram em número reduzido. O agradável vento geral que acompanha a reluzente claridade de maio parece esquecido do papel principal que lhe cabe nesta quadra do ano e limita-se a soprar brandamente em meio ao calor de algumas manhãs.

No início deste maio vi “a lua andando numa lagoa”, como dizia minha mãe, o que segundo ela era um sinal certo de chuva. Com efeito, na manhã seguinte, muito cedo caiu uma chuva forte, rápida. E mais uma vez recordei-a, sertaneja que era, contando:

“Quando vai ter seca, o tempo engana, como quem vai chover, o céu fica cheio de nuvens escuras que passeiam, viram e mexem como manadas pastando e, quando o sol vai sumindo elas descem rápidas e ficam baixas, perto do chão e corre um ar abafado.

Os relâmpagos ficam se escondendo nos nevoeiros que tomam conta do céu e os trovões estalam ora perto, ora longe, parece que vai chover, mas não chove. E aí o vento corre, vira ventania, redemoinhando, formando um funil de poeira e folhas secas e no meio do funil –diz o povo – que está o cão montado no cavalo do vento. Cruza os céus e arrodeia por trás das serras, assobiando, como quem está chamando a chuva, mas não chama coisa nenhuma, tá é botando a chuva pra correr.

Fazendo do vento o seu cavalo, o cão persegue as nuvens até que elas atordoadas, atrapalhadas, mudam o rumo fugindo para longe, para o mar, e se desmancham, os trovões e os relâmpagos também enxotados vão estalando e clareando cada vez mais distantes até sumirem. Muito depressa o céu volta a ficar azul, sem nenhuma nuvem, e o sol quente como uma brasa. De dia faz um calor de rachar, de noite esfria, e no céu claro, tão limpo que parece que foi varrido, sempre aparecem muitas estrelas”.

A lenda da seca, contada por minha mãe, torna-se  mais uma vez realidade no sertão este ano, e ouço, nos relatos de minha irmã, pequenas variações do mesmo drama: diz que o pé de cedro ao lado da sua casa, em Marcolândia, na Serra do Araripe, está inteiramente desfolhado, que os bravos umbuzeiros resistem, que a safra da mandioca está prejudicada, que tudo ao redor da propriedade está seco, que o vento traz muita poeira, que a cisterna secou e que para enchê-la paga carradas d’água a 120 reais...

Nada de novo neste front, tudo é repetição de anos passados, inclusive o descaso do governo diante do problema e a nossa indignação, que de nada tem adiantado.




DALVA MATOS
PROFESSORA

Tempos bicudos


Com 123 dos 224 municípios do Estado em situação de emergência em razão da seca, o Piauí deve se preparar para tempos bicudos. Em razão da dependência que a economia rural tem da regularidade das chuvas, é de se esperar que a frustração de safra implique em redução ainda maior da já parca atividade econômica, menor renda, portanto.

O que está por vir não é animador.

Se em anos de boas chuvas as safras agrícolas e a pecuária pequena não são capazes de dar boas respostas econômicas, com a seca obviamente tem-se um quadro desolador. Não existem cálculos, mas os recuos no setor podem comprometer até mesmo a totalidade da produção, além de repercutir negativamente pelos próximos anos.

Não bastasse essa situação que tende a prolongar sua repercussão para além do período de estiagem e perdas, há indícios claros de que a economia brasileira também começa a ir para o acostamento. O significado disso para os pequenos municípios dependentes de receitas constitucionais é que uma nova seca se aproxima – tão devastadora como a seca causada pela falta de chuvas.

No primeiro quadrimestre deste ano (janeiro a abril), houve queda em impostos nos quais se assentam as
fontes de transferências constitucionais para os municípios: no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre bens internos houve recuo de 6,16% com as isenções; e nas Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (Cide-combustíveis) que caiu 45,75% com a redução da alíquota para compensar a alta do preço do petróleo.

Como a economia começa a dar sinais de desaceleração e isso deve afetar o consumo das famílias, é claro que deve haver queda nas receitas também do IPI, bem assim na arrecadação do Imposto de Renda. O ICMS, o mais importante imposto sobre consumo, claramente vai entrar em queda. Tudo isso junto representará menos dinheiro nos cofres municipais, cujas despesas fixas precisam ser honradas. Isso cria a situação do cobertor curto, além de zerar o que a já reduzida capacidade de investimento dos municípios.

Para piorar, a renúncia fiscal do IPI faz cair as receitas das unidades de Estados e municípios, que , assim, veem sua capacidade de investimentos ainda mais reduzida, exatamente quando se ampliam as necessidades criadas pela estiagem no Nordeste.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Louco de Vontade


A escritora Ranielle Leal, experimentada na carreira que poucos entendem: “Fotojornalismo”, lançou ontem no salão nobre da Casa da Cultura, Teresina, Piauí, o valioso livro “O Olhar e a Palavra”. O conteúdo da obra mostra as atividades profissionais do extraordinário fotógrafo piauiense José Medeiros, artífice que protagonizou cenas incríveis de ilustração na principal revista de circulação internacional “O Cruzeiro”, período: 1946-1962. Cabe esclarecer que José de Araújo Medeiros, nascido em Teresina, 1921 e falecido na cidade de Áquila, Itália, 1999, brilhou como repórter fotográfico e foi partícipe em 40 filmes de longa-metragem (acabou atuando no filme de 1964: “A Falecida”). Por outro lado, na época de Assis Chateaubriand (Umbuzeiro, Paraíba, 1892-São Paulo, 1968), dono de “O Cruzeiro”, o ilustre piauiense havia escrito o livro de texto: “Candomblé”, obra especializada em assuntos folclóricos e etnológicos. Além de se tornar diretor na filmografia de “Paraíso de Aventuras”. José Medeiros recebeu, em 1994, da Funda-
ção Cultural Monsenhor Chaves (Joaquim Raimundo Ferreira Chaves: Campo Maior, Piauí, 1913-Teresina, Piauí, 2007), a reedição do filme: “José Medeiros, 50 Anos de Fotografia”.

Amanhã, o padre Miguel Soares celebrará a “Missa Santa Joana d´Arc (Domremy, França, 1412-Ruão, França, 1431), no Espaço Multicultural Allegre/Ema, local escolhido pela comunidade da Fazenda Alegre (Pau d´Arco, Estrada Motorista Vladimir Melo, no quilômetro 30, entre os municípios piauienses de Altos e Beneditinos). Na verdade, uma merecida homenagem à padroeira da França, às mães e, especialmente, às pessoas querida que nos antecederam.

Uma quadra enaltecendo os poetas piauienses foi escrita pelo inteligente William Melo Soares (Alto Longá, Piauí, 1953): “O poeta quis ser livre/ Leve teceu sua voz/ Cantou por todos os santos/ O canto de todos nós”.

Nascida em São Pedro do Piauí, a poetisa e professora Josefina Ferreira Gomes de Lima rememorou os caminhos bíblicos de Jesus Cristo, criou versos resplendentes. “Juntei alguns versos bíblicos/ Organizei num papel,/ Selecionei palavras/ E fiz este meu cordel,/ Falando de Jesus Cristo/ Irmão e Pai da verdade/ Na sua vinda à Terra/ Abençoa a humanidade./ “Fez a água virar vinho/ E acalmou a tempestade./ Ressuscitou e curou/ Resgatou a dignidade/ Ensinando, perdoando,/ Injustiças combatendo/ Rotulado e açoitado/ Acabou
na cruz morrendo”.

Em momento especial, as bênçãos de Deus a favor dos fiéis da cidade de Monsenhor Gil (Raimundo Gil da Silva Brito: Teresina, Piauí, 1855-1919), são oferecidas nos meses de maio e junho. Acreditam os católicos que os raios do sol chegam ao município mais livres e mais rápidos e, antes da chegada indesejável da seca. Por isso, as bênçãos de Deus tornam esperançosos os habitantes de Monsenhor Gil.

Já José de Anchieta Mendes de Oliveira (Simplício Mendes, Piauí, 1931), colocou livres versos no soneto de sua autoria: “Louco de Vontade”. “Um pássaro quis ver – livre no espaço -/ Para cantar um hino àliberdade,/ Canto de amor, de paz – do amor escasso -/ De paz que foge sempre à humanidade./ “Quis ser um deus – unir no abraço -/ Os homens, em real fraternidade,/ Entre dois corações marcar um traço/ De união fraternal – sinceridade.../ “Quisera ser a luz a cintilar,/ Um guia só em busca da verdade,/ Verdade divinal e salutar,/ “Para sempre extinguir toda maldade./ “Nem o ódio, nem paixão, nem maltratar./ Mas sou, decerto, um louco de vontade”.




CARLOS SAID
JORNALISTA E PROFESSOR

Futebol, greve e insensatez


Em breve visita à capital cearense conferi o quanto Fortaleza ganhou em desenvolvimento urbano, como sua população mantém tradições religiosas e o quanto também é acometida pelos velhos problemas da administração pública. Porém, o tema marcante na cidade é o futebol, a eterna rivalidade das torcidas do Fortaleza e do Ceará.

No entanto, a conhecida paixão dos brasileiros, em Fortaleza toma proporções de histeria coletiva. Quando ao final de uma partida os torcedores depredam as cadeiras do estádio e tudo mais o que se vê pela frente; ônibus, automóvel, metrô em atos absurdos de vandalismo e completa insensatez.

Em Teresina, se a paixão pelo futebol é afetada pelos parcos investimentos no esporte e os grandes clássicos futebolísticos ficaram pelo caminho, pelo menos não se tem tal guerra de torcidas que se vê em
Fortaleza e em outras cidades.

Por aqui, o que chamou mesmo atenção nos últimos dias foi uma longa greve de professores da rede estadual de ensino, que infelizmente chegou ao ápice do radicalismo, mesmo após negociação que estabeleceu um aumento considerado razoável para os padrões do Estado e um avanço significativo para a classe.

Entretanto, alguns professores (um pequeno grupo) insistiram em se manifestar radicalmente contrários à volta às salas de aula, e à revelia até da própria representação sindical. Passou do ponto. Professores, afinal, devem lembrar-se que são professores, trabalhadores da educação e que não cabe a estes profissionais reivindicar seus direitos com atos de vandalismo e verborragia exacerbada (como se viu na cidade), sob pena de que os mesmos atirem na sarjeta o mínimo respeito que ainda se tem pela categoria.

Se os tempos são outros, o professor também precisa se transformar, se reinventar, mas, sobretudo, mostrar à sociedade seu compromisso ético com a educação. É preciso lembrar-se da responsabilidade de educar cidadãos, de preparar uma aula de verdade, de motivar o aluno a aprender, como bem faz o professor de Cocal dos Alves, Antônio Cardoso do Amaral, famoso por estimular seus alunos a vencer.

Assim, durante o tempo que se perdeu fora da sala de aula, se perderam também muitos talentos e se comprometeu o desenvolvimento do país. Torcedores de futebol podem até cair na insensatez coletiva,
porque são apenas torcedores. Professores não, caro leitor. Estes não podem ser embriagados pela insensatez, pois seu dever ético deve estar acima desse tipo de comportamento.




LILI CAVALCANTI
ESCRITORA

O lixo e as soluções


O secretário municipal de Meio Ambiente, Deocleciano Guedes, declarou ontem na TV Meio Norte, que a cidade não tem um aterro sanitário. Tecnicamente, tem-se atualmente um aterro controlado, mas para quem olha e sente o mau cheiro, o local é mesmo um lixão – uma paisagem que se repete Piauí afora, onde coleta e tratamento de lixo não são exatamente uma prioridade das administrações municipais.

A constatação do secretário Deocleciano é boa, mas aponta para um problema a ser superado: a dificuldade que a administração pública tem de solucionar problemas como o do tratamento adequado de resíduos só- lidos. É sabido que há pelo menos três anos foi licitado e está em obras um aterro sanitário em Teresina, mas a obra entrou em uma espécie de estado de hibernação tecnoburocrática.

O reconhecimento de que o tratamento dos resíduos sólidos não é adequado é até aqui a mais contundente admissão de falha da administração municipal – e não do atual prefeito, mas dos que o antecederam também, porquanto não conseguiram dar respostas adequadas a um problema que só se agrava.

O caso dos resíduos hospitalares é uma evidência de que a máquina pública se move com lentidão rumo às soluções.

É amplamente conhecido pela comunidade técnica (médicos, sanitaristas, engenheiros de segurança do trabalho etc.) que faltam ações para segregar corretamente lixo contaminante em hospitais. Isso favorece a mistura entre resíduo comum e detritos biológicos, químicos e perfuro-cortantes, o que amplia a quantidade
de lixo hospitalar, encarece seu tratamento e cria um risco adicional no aterro controlado.

Diante disso, parece adequado, então, lembrar que providências mais elementares precisam ser tomadas, como a obtenção de compromisso para que haja a segregação do lixo hospitalar – que é uma forma especialíssima de coleta seletiva, outra ação que tem sido bastante negligenciada na cidade, tanto quanto é alvo da desídia da administração pública pelo país.

Neste sentido, então, é razoável se dizer que, embora seja pertinente a atuação do Ministério Público em favor de uma política mais adequada de tratamento do lixo, deveria a instituição focar em questões com soluções mais fáceis, que podem ser implementadas a custo baixo e que dependem de vontade política, mais que fundamentalmente só podem dar certo se houver adesão e conscientização das pessoas.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Lei para os motociclistas


No interior do país desenrola-se uma tragédia. Seres humanos estão sendo mortos ou mutilados às dezenas, centenas, talvez milhares, pelo uso irresponsável de motocicletas. Na sua grande maioria, são jovens, no auge de sua capacidade de trabalho que, quando sobrevivem ao sinistro, não apenas deixam de trabalhar como passam a depender da Previdência Social, além de onerarem suas famílias com os cuidados à sua saúde — isso para não falar do sofrimento deles mesmos. Os casos se repetem aos borbotões e apresentam características que nem de longe autorizam a utilização da palavra “acidente”.

Uma pesquisa decerto demonstraria que os mortos e feridos, na esmagadora maioria dos casos quando do “acidente”, ou não tinham carteira da habilitação para motos — aliás, muitos são analfabetos —, ou não usavam capacete, ou não obedeciam às leis de tráfego, ou consumiram álcool antes de pilotar a moto ou tudo isso de uma vez só.

Muitas dessas vítimas são proprietárias das motos em que circulam. A nossa legislação não exige a prova de habilitação para compra de uma motocicleta o que, segundo parece, é uma omissão imperdoável. Vaqueiros e trabalhadores rurais em geral, que nunca usaram um veículo automotor, sem receber qualquer instrução específica, têm se aventurado nas motos — e as consequências, às vezes, têm sido catastróficas.

Alega-se, com grande frequência e com alta dose de demagogia, que as motos facilitam a vida dos que não têm condições de comprar um carro. Pois bem, a China, país atualmente conhecido por sua tendência em privilegiar a produção e o consumo em massa, não permite, segundo Benjamin Steinbruch (As motos e as cidades, Folha de São Paulo, 13/10/2009), o uso de motos em várias de suas grandes cidades (exemplo: Pequim e Xangai).

Diz Steinbruch que “os chineses consideram falsa a ideia de que as motos facilitam o trânsito e a locomoção das pessoas. Ao circular entre os veículos, dizem, elas provocam mais problemas do que soluções porque dão origem a muitos acidentes e incidentes que param ou retardam o tráfego”. Lá, eles preferem as bicicletas elétricas por várias razões, em especial por causarem menos acidentes e produzirem menor poluição. Os fabricantes de motos, que têm legítimo interesse econômico na expansão do consumo, não são prejudicados porque redirecionam a sua linha de produção para as bicicletas elétricas.

Não estou certo de que a solução chinesa seja necessariamente boa para o Brasil, tanto mais porque aqui os índices de acidentes nas zonas rurais são tão ou mais elevados que os da cidade. De toda maneira, o mínimo que se espera, diante do volume assustador de vítimas, é que alguma medida prática seja adotada pelas autoridades para que as leis de trânsito em vigor sejam efetivamente respeitadas pelos motociclistas, pois o que temos visto diariamente é que eles parecem ser imunes ao ordenamento jurídico do país. Desgraçadamente, as leis da Física não falham jamais.




NAZARENO CÉSAR MOREIRA REIS
JUIZ FEDERAL EM PICOS/PI

Cheque caução na urgência é crime


O Congresso aprovou projeto da presidenta Dilma Rousseff que transforma em crime qualquer exigência de cheque caução, promissória ou preenchimento de formulário antes do atendimento de uma pessoa em situação de urgência-emergência em um pronto-socorro. A pena é de pagamento multa e prisão de três meses a um ano – prazo que pode triplicar caso a omissão de atendimento leve à morte.

Transformar esta prática em crime foi o primeiro passo, mas cabe a todos nós, gestores e profissionais de saúde, sociedade, Ministério Público, Judiciário e polícia fiscalizar, denunciar e punir as irregularidades. O Ministério da Saúde tomou a iniciativa do projeto como mais uma medida para reestruturar os serviços de saúde de urgência e emergência no Brasil. Com a lei, fica claro que salvar a vida de uma pessoa deve sempre vir antes do que qualquer outro interesse econômico, gerando um instrumento para a punição efetiva daqueles que não seguirem a regra.

Respeitamos a participação de instituições privadas no setor, mas a vida não pode ser vista como mercadoria. Ela tem que ser defendida e protegida.

Outra ação para aperfeiçoar o atendimento na rede particular é que, desde janeiro de 2012, os planos de saúde têm de cumprir regras da ANS sobre prazo máximo para marcação de consultas, exames e cirurgias. Criamos, também, um programa que estipula metas de qualidade e ressarcimento ao SUS, que em 2011 foi recorde ao somar R$ 97 milhões.

A rede pública, estamos trabalhando para aperfeiçoar a rede de atendimento às urgências. Exemplo deste compromisso é a expansão das Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h), que oferecem consultas e tratamentos intermediários, resolvendo até 97% dos casos que atendem. Também estabelecemos novos incentivos para mutirões de cirurgias eletivas, que aumentaram em 96,4% o número de cirurgias de catarata de 2010 para 2011. O Ministério da Saúde também estabeleceu um novo instrumento que contribui para avaliar o atendimento na rede pública de saúde, que é a carta SUS. Desde janeiro, ela chega à casa de todo o paciente internado na rede pública.

O que queremos é ouvir o usuário para contribuir na fiscalização, punir irregularidades, identificar o que precisa ser melhorado e premiar quem atende bem à população. Sabemos que novas unidades de saúde para cobrir o acesso tão desigual são fundamentais. Mas a alma de um bom serviço de saúde são seus profissionais. Projeto do Ministério da Saúde com hospitais brasileiros de excelência para capacitação e reorganização do atendimento a infarto nas urgências e emergências do SUS foi mundialmente reconhecido pela Sociedade Internacional de Cardiologia.

Termos mais médicos, mais qualificados e mais perto de onde a população precisa é essencial para darmos mais um passo na proteção e defesa da vida.



ALEXANDRE PADILHA
MINISTRO DA SAÚDE

Pobreza acadêmica


O pedido de um dos candidatos a reitor da Ufpi para suspensão da consulta destinada à escolha do reitor, acolhido pela Justiça Federal, é o coroamento de um processo eleitoral que empobreceu e diminuiu a importância da instituição. O que poderia e deveria ser um momento de discussão e debate, converteu-se em disputa paroquiana, onde prevaleceram mais interesses comezinhos e pontuais e até mesmo o egoísmo,
em detrimento do avanço da academia.

Ao contrário do ocorrido em outras eleições para reitor, nenhum dos candidatos participou de debates entre si, para aclarar as ideias. As propostas foram expostas em panfletos de gosto duvidoso ou em visitas muito tímidas a salas de aulas e departamentos. Mais valeram as trocas de acusações e um recalcitrante gosto pelos ataques à atual direção da Ufpi, reiteradamente acusada de irregularidades. Isso não constrói uma boa base para quem o sucederá.

Perdeu-se tempo e energia com visões deformadas da realidade e não se discutiu em um só momento o futuro da universidade e seus problemas atuais. Questões fundamentais como a baixa produção de pesquisas ou a quase inexistência de extensão passaram ao largo do processo. Também ficaram de fora problemas como a falta de docentes ou o absenteísmo de professores e servidores – uma praga cevada pelo corporativismo reinante e que não é combatido nem por oposição, nem por situação, sempre muito mais interessadas em voto do que em mudanças que comprometam a zona de conforto em que se aboletam os eleitores.

Como que para coroar a pobreza do debate, judicializou-se uma disputa interna, com argumentos, aliás, bastante pobres: não houve divulgação do evento e uma greve de professores ensejaria menor participação dos estudantes, docentes e servidores. Neste caso, é de dar dó essa linha de raciocínio, porque implica dizer que se realmente queriam uma ampla participação dos estudantes, os professores que alegam a greve como impedimento a isso poderiam ter se mobilizado para evitar o movimento paredista.

Ao fim e ao cabo, com argumentações pueris, ausência de debate e judicialização da disputa, a inexistente eleição só se prestou mesmo a mostrar quão pobre está o mundo acadêmico do Piauí, sobretudo numa instituição que deveria fazê-lo maior, tal o volume anual de seu orçamento, de R$ 430 mihões em 2012. Mas a Ufpi produz pouca pesquisa, o saber que está espalhando tem tido as melhores avaliações em exames como o Enade e a atuação institucional para com a comunidade, a extensão, não tem a medida do volume de recursos despendidos.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

O Dia do Gari


Lendo o Jornal Meio Norte neste último domingo, lembrei que o dia 16 de maio é o Dia do Gari. Profissional que desenvolve função vital à saúde pública, o gari merece mais atenção. Quem sabe uma boa homenagem de todos nós seria uma atitude mais cooperativa com a limpeza pública, pois ainda é possível ver gente baixando as janelas de veículos para atirar lixo às ruas e estradas.

Mas é claro que isto não é tudo, face as condições insalubres de trabalho enfrentadas por estes profissionais e aos baixos salá- rios que recebem, assim como os graves problemas que ainda caracterizam a gestão do
lixo nos municípios do Piauí. Todavia, às vezes, grandes mudanças começam por pequenas atitudes. E é exatamente disso que se trata: a universalização de atitudes corretas por parte das pessoas, do poder público e das empresas criaria condições favoráveis à correta gestão do lixo, ao respeito aos profissionais que com ele lidam e, principalmente, ao aproveitamento das oportunidades existentes na cadeia de gestão do lixo.

A produção de lixo cresce com o aumento da população, com a urbanização, com a industrialização e com o aumento da renda. Cada brasileiro produz, em média, cerca de 1 kg de lixo por dia e os impactos ambientais resultantes da destinação incorreta dos resíduos são visíveis em todas as cidades. Já há municípios que não dispõem de áreas adequadas à implantação de aterros sanitários e, no Piauí, embora existam áreas mais do que suficientes, impera o lixão. Mesmo na capital não há aterro sanitário.

O enfrentamento deste problema conta com moderno e abrangente marco regulatório: a lei 12.305/2010, que define os parâmetros da Política Nacional de Gestão de Resíduos Sólidos. Ela define como objetivos a redução da geração de lixo, o reaproveitamento, a reciclagem e a destinação dos rejeitos a aterros sanitários. Seus regulamentos condicionam tanto as famílias e o poder público municipal, responsáveis pelo lixo doméstico e pelos resíduos da limpeza urbana, como as empresas que respondem pela correta destinação dos resíduos de suas atividades industriais, comerciais, hospitalares, agropecuárias e mineradoras.

Ao adotar o princípio da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a lei 12.305 remete todos os envolvidos com a cadeia do lixo à adoção de diversos instrumentos por ela previstos,
destacando-se, dentre eles: a coleta seletiva, a logística reversa, cooperativas ou associações de catadores de materiais reut i l i závei s  e  reciclávei s  e a educação ambiental. Estes instrumentos envolvem necessariamente as famílias, organizações culturais, esportivas, religiosas, as empresas e o poder público.

Estamos todos, pois, no mesmo “barco”. Até a implantação de coleta seletiva em todas as cidades e ao aproveitamento de todos resíduos reaproveitáveis e recicláveis há um longo caminho. Que a atitude de levar a latinha de refrigerante para casa, com o fim de colocá-la junto ao lixo seco, seja a contribuição inicial de cada um de nós, combinada com o respeito aos garis e aos catadores, que quase sozinhos estão tocando a correta gestão do lixo no Piauí.




DEPUTADO MERLONG SOLANO
SECRETÁRIO DE ESTADO DAS CIDADES

A morte dos Guegês


Diante dos “Autos de Devassa da Morte dos Índios Gueguês” (também chamados Gurgueias ou Gorguas que habitavam o vale do rio Gurgueia. Da mesma origem étnica dos Acaroás ou Acroás, considerados seus
tradicionais inimigos), consideramos que foram os primeiros a enfrentar, nos sertões de Parnaguá, os homens da Casa da Torre da Bahia, que pioneiramente, em 1674, penetraram os “Sertões do Piagohy”.

O historiador Reginaldo Miranda da Silva (Bertolínia, Piauí, 1964, atual presidente da Academia Piauiense de Letras: data oficial de fundação: 30 de dezembro de 1917), pesquisou todos os documentos que condicionaram a feitura do seu livro ilustrado por um belo frontispício. Por isso, o assunto é de primordial importância. Subsídio para consolidação da verdade no respeitante ao devassamento da terra que apontou consequências dramáticas para quem já habitava o Piagohy (os índios) no tempo do Governo Geral instalado no Brasil colonial, Salvador, Bahia.

A morte dos índios Gueguês tem capítulos que norteiam os leitores desde os primeiros contatos e confrontos diretos com os poderosos da Casa da Torre, à época com Francisco Dias d´Ávila (sertanista brasileiro, Salvador, Bahia, 1648-1695, trineto de Garcia d´Ávila, sertanista português, fundador da Casa da Torre, nascido e falecido em Salvador, Bahia: 1524-1609), como personagem central das lutas para dizimar os Gueguês. Assim, é necessária a argumentação sobre a qual repousam vestígios importantes da presença desses dois importantes colonizadores nos entranhados sertões do Piagohy (os jesuítas foram testemunhas da presença dos familiares da Casa da Torre na nova terra que era conquistada a ferro e fogo).

Na verdade, a ação criminosa conhecida como devassa (sindicância para apurar ato criminoso) começou com a instauração dolosa do processo contendo sempre que se deveria massacrar os índios tal como vaticinara o Tenente Coronel João do Rêgo Castello Branco (considerava os índios como “bichos que deveriam morrer”), o apelidado “El Matador” na configuração crítica colocada nos versos de H. Dobal (Hindemburgo Dobal Teixeira: Teresina, Piauí, 1927-2008): “De sangue e de fogo/ Se faz um nome./ No sangue e no fogo/ Se desfaz a história/ De muitas vidas./ “A sangue e fogo/ A ferro e fogo/ Um homem liquida seus semelhantes”. Barbárie declarada por João do Rêgo Castello Branco: “que tudo assim mandou fazer, por entender (que) assim o podia”. Evidentemente, prepotência e arrogância do exterminador de gentios, os pagãos daquele tempo difícil.

Os argumentos finais a respeito da absolvição do Tenente Coronel João do Rêgo Castello Branco e do seu filho João do Rêgo Castello Branco, este último flagrado assassino em São João de Sende, 1780 (deu origem ao povoado de Campo Alegre, em Amarante, Piauí, que acabou transformado no município de Arraial do Piauí), deflagrou a vergonha no concernente a matança dos índios, episódio que serviria para aproveitamento da realidade nas terras do Piagohy do século XVIII. Afinal, assunto deprimente que ficou conhecido na historicidade piauiense como “a incrí- vel fama da família Rêgo Castello Branco perpassada para infâmia que o tempo jamais apagará. Já nos anais da fase colonizadora, nada será extirpado da memória dos verdadeiros historiadores .

Na “Nota Prévia” do seu excelente livro de pesquisa, obra prima para consulta imediata e precisa, Reginaldo Miranda da Silva admitiu ter bem situado o período histórico da matança dos Gueguês e, na metodologia utilizada a fim de não perder os mais importantes detalhes da ação criminosa dos dois colonizadores, pai e filho, buscou fidelidade absoluta na documentação microfilmada de propriedade do Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, Portugal.




CARLOS SAID
JORNALISTA E PROFESSOR

Crime, drogas e flanelinhas


Há uma recorrência na relação entre homicídios e o uso e tráfico de drogas em Teresina. Na segunda-feira, dois lavadores de carro foram alvejados por um homem que estava em uma moto. Um deles morreu a caminho do hospital. O outro segue internado, mas sem risco de morte.

O episódio seria apenas mais um entre tantos ocorridos na disputa do tráfico não fosse pelo detalhe de que ocorreu em um local público, no qual o teresinense leva veículos para serem lavados. Quer dizer: as querelas entre pessoas envolvidas com uso e tráfico de drogas começam a se aproximar perigosamente de vítimas inocentes.

Então, podemos dizer que o tráfico tende a espalhar a violência de modo virulento, atingindo quem nada tem a ver com essa prática criminosa. Se o traficante acerta contas a tiros e não escolhe local para essa ‘cobrança’, é quase certo que pode ser vitimada por esse tipo de ação qualquer pessoa – crianças inclusive, o que determina, então, a necessidade de um combate ainda mais rigoroso aos traficantes.

Outro aspecto do incidente com os lavadores de carro é que, sem embargo da existência de pessoas de bem, as áreas centrais de Teresina tomadas por guardadores de veículos se transformaram em territórios de
extorsão contra os cidadãos. Deixar um carro em via pública na cidade pode representar para o motorista o risco de pagar por um serviço que ele não quer adquirir.

Então, estamos diante de duas situações em que as pessoas ficam no meio de um fogo cruzado ou estão sujeitas a serem extorquidas por pessoas que praticam uma espécie de privatização informal do espaço público, a ponto de locais de maior movimentação ou pontos de lavagem de carro na cidade de Teresina serem comercializados como se fossem propriedades privadas ou concessões públicas legalmente cedidas para exploração por terceiros.

Estamos, pois, diante de duas situações que requerem do poder público uma ação mais determinada e dura. De um lado, ação policial para reprimir o tráfico e intimidar traficantes em suas ações cada vez mais ousadas. De outro, a presença do poder municipal para evitar que flanelinhas e lavadores de carros privatizem os espaços públicos, a ponto de até criar “regras” de uso.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

A República democrática do toma lá, dá cá


Nas monarquias absolutas quem manda é o rei. Nas repúblicas democráticas, o rei é o povo, que as administra indiretamente por meio de seus mandatários de confiança, eleitos pelo voto direto. No período da nossa coloniza- ção, o povo era ignorado e usurpado pela monarquia lusitana. Conta-nos a história que,
quando aqui chegou, D. João VI recebia dinheiro dos ricos comerciantes e, em troca, concedia-lhes honrarias e títulos de nobreza. Iniciou-se, assim, a política do toma lá, dá cá no nosso país. Inconformados com esse estado de coisas, em 1822 conquistamos a nossa independência e em 1889 fundamos a democracia republicana. Por que então as práticas coloniais persistem na República, que veio exatamente para coibi-las? Para responder a esta questão, tenho como objetivo apontar algumas contradições à República e apresentar sugestões de como evitá-las.

A primeira dessas contradições é a promiscuidade ou a troca de favores entre o setor público e o privado. De fato, ao permitirmos que o poder econômico financie os nossos mandatários políticos, estamos cometendo o mais incrível dos paradoxos republicanos, pois, quem se elege dessa forma tem compromissos com os seus financiadores, jamais com a República. A segunda nos remete às coligações partidárias nos moldes atuais, ou seja, sem conteúdo programático.

A fim de constatar que esses casamentos não dão muito valor aos projetos de interesse do país, basta observar o que acontece com os nossos presidentes da República. Reféns das alianças políticas que os ajudaram a chegar ao Planalto, eles se veem na obrigação de distribuir cargos públicos e outras benesses
para, em troca, verem aprovados as propostas do Executivo.

A terceira discrepância não é menos estúpida. Aproveitando-se da ignorância e da leniência política do povo, os mandatários fazem leis que os permitem nomear, indicar ou escolher pessoas para ocupar cargos importantes nos tribunais que devem fiscalizá-los. O que pode acontecer com a República? Em troca dos altos salários e das mordomias, alguns afilhados podem usar esses tribunais para acobertar os crimes praticados pelos padrinhos.

A herança registrada e carimbada no período colonial é a quarta incoerência. Estou falando de inúmeros casos de denúncias de corrupção que os nossos jornais e revistas publicam constantemente. Pressupõe-se, nesse ambiente de suspeição, que o Poder Executivo enxerta no orçamento público, por exemplo, verbas que serão desviadas.

Imagina-se também que, ao ver as contas infladas, o Poder Legislativo cobra a sua parte para aprová-las. Como vimos, administrar interesses que visam à apropriação privada da coisa pública não é tarefa fácil. Por isso, o povo criou e paga inúmeras instituições fiscalizadoras, repressoras e julgadoras para proteger a República contra essas práticas incivilizadas. Acontece que criar não é o fim; cobrar é necessário, pois as reformas não virão de cima para baixo, ou seja, dos usurpadores, virão do povo. Estamos, então, diante de um binômio indissociável do sistema republicano: povo politizado e instituições independentes. É esse binômio, enfim, que nos sugere a única solução democrática coerente, qual seja, iluminar o povo de conhecimentos políticos e econômicos, a fim de que ele, entre outras providências, dê um fim às práticas que furtam os nossos tributos, ridicularizam a nossa ética e prejudicam o crescimento econômico sustentável do nosso país.

Mas essas providências têm que se iniciar no ensino fundamental, a fim de que possamos formar um cidadão mais consciente dos seus direitos e deveres. Com efeito, é a luz do saber que indignará o povo e o levará às ruas para garantir imprensa livre e exigir mais autonomia e responsabilidade das instituições que devem protegê-lo das vicissitudes da alma humana. A recíproca é inquestionável. Ou seja, sem instituições fiscalizadoras e julgadoras que ajudem o povo a administrar o país, temos uma falsa democracia; situação em que o rei da república é traído pelos seus mandatários de confiança.




SÉRGIO COSTA
CONTADOR

Lei da informação pública


A lei de acesso à informação começa a vigorar hoje, mas é improvável que venha a mudar imediatamente a realidade brasileira, ampliando o acesso dos cidadãos a dados do governo – alguns deles fundamentais para que a transparência – um principio constitucional – se torne cada vez mais um ato corriqueiro.

A legislação determina obrigações da administração pública, em todos os níveis, no que tange à gestão da informação e define os tipos de informações que podem ser solicitadas pelo público, mediante requerimento administrativo à autoridade responsável.

Para que as informações sejam passadas, cada organismo da administração pública deve criar uma comissão para avaliar ou reavaliar as informações, de modo a dispô-las ou não à disposição do público. Nisso reside, então, uma dificuldade logística, porquanto será necessário que milhares de municípios, por exemplo, disponham de comissões para esse fim.

Então, estamos diante de um oceano de oportunidades: o cidadão, de qualquer lugar do país, poderá obter informações sobre, por exemplo, como seu dinheiro é gasto pelo gestor público. A lei, neste sentido, como sugerem os defensores da lei, estudiosos e militantes do controle social de gastos e da transparência como principio, dá força real ao direito à informação, reconhecido como um direito fundamental do homem.

Como lei é mais um conceito que uma realidade, será necessário que os cidadãos primeiro tomem conhecimento de que agora é um direito reclamar o acesso à informação pública. Vencida essa etapa, será necessário cobrar que a administração pública cumpra o dispositivo legal que torna a transparência um ato rotineiro. Tarefa dura em um país com mais de 5,6 mil cidades onde, na prática, o registro das informações é sempre negligenciado.

Mas o direito à informação pública não significa muito, a não ser que haja uma lei que o implemente. A lei torna real um direito que reconhecemos, mas que sem ela é apenas um conceito. No caso do Brasil, a lei sancionada é, de várias maneiras, uma referência. É uma das leis no mundo com mais cobertura. Ela se aplica a vários níveis de governo. Claro que isso é também um grande desafio. Como você implementa o direito à informação em 5.000 cidades? Isso será muito difícil.

Mesmo com as dificuldades logísticas e os tropeços iniciais, bastante próprios, aliás, de um país com uma elite burocrática que tem o Estado como propriedade privada, a lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff é um avanço: ela coloca o Brasil no rol das sociedades avançadas, que estão em um caminho sem volta do respeito ao estado de direito.

Notícias do Piauhy


Aprovando a velha ortografia a fim de dar título ao livro: “Notícias do Piauhy”, Reginaldo Miranda da Silva (Bertolínia, Piauí, 1964), atual presidente da Academia Piauiense de Letras (data oficial de fundação: 30 de dezembro de 1917), sabe que a História é “narração metódica dos fatos notáveis ocorridos na vida dos povos, em particular, e na vida da humanidade, em geral”. Por isso, protagonizou na nota prévia da obra literária pertencente à historicidade piauiense, a intensa procura de documentos válidos e os extensos comentários do padre Domingos Gomes (Fazenda Torre, Portugal, 1718-Salvador, Bahia, 1780 ?), da Companhia de Jesus, instituição religiosa fundada em 1539 por Santo Inácio de Loyola (Guipùzeva, Espanha, 1491-Roma, Itália, 1556).

Na verdade, o sacerdote lusitano escreveu que no Piauhy de antanho, as fazendas de gado (criação de bovinos) motivaram a fundação das grandes propriedades que se espalharam pelos “sertões de dentro”, alcunha talvez dada por Domingos Sertão, isto é, Domingos Afonso Mafrense (Mafra, Portugal, 1631-Salvador, Bahia, 1711), antes mesmo da expulsão dos jesuítas. Evidentemente, decisão determinada em 1759, em Lisboa, pelo Marquês de Pombal (o poderoso Sebastião José de Carvalho Melo).

Esclarecemos que o Rei de Portugal, período 1714-1777, era D. José I. Em 1750, o monarca deu nome à capitania: São José do Piauhy. E em 1761, o Marquês de Pombal já era conde de Oeiras, tempo do governador João Pereira Caldas (Valença, Portugal, 1720-Lisboa, 1790 ?), receber a incumbência reinol para elevar a antiga Vila da Mocha à condição de cidade. Titulada Oeiras do Piauhy, homenagem àquele “déspota esclarecido” que, de modo absoluto , metia medo nos portugueses. Assim, de 1761 a 1852, Oeiras passou à significação de primeira capital do Piauhy.

O historiador Reginaldo Miranda da Silva, dono duma memória privilegiada, se apossou da perspicácia para, com argúcia, expor os fatos históricos e, consequentemente, narrá-los conforme escritos do padre Domingos Gomes: aqui chegado em 1717. Até retornar, a Salvador, 1739 ou 1740.

O que mais interessou nos relatos do padre Domingos Gomes foram: 1 – Havia no Piauhy, século XVIII, poucos negros escravos. A indiada, em maioria absoluta, era belicosa (Razão das lutas que consideramos genocidas e praticadas pelo sanguinolento João do Rêgo Castello Branco, apelidado “El Matador”).; 2 – As sesmarias e as rendas ali obtidas contestadas pelo fisco real português; 3 – O transporte e a comercialização das boiadas para outros locais do Brasil e, ainda, a presença dos vaqueiros no chamado ciclo econômico cujo principal vetor era o Piauhy, o maior criador de gado bovino; 4 – No trato com os vaqueiros, os grandes fazendeiros instituíram a “civilização do couro” a fim de determinar que o Brasil colonial estava se modificando a par da cana-de-açúcar (monocultura latifundiária escravocrata) fixada no litoral brasileiro e pelo advento do ciclo dos minérios: ouro e prata, período que marcou a transferência da capital da Colônia – de Salvador, Bahia, 1549, século XVI, para o Rio de Janeiro, 1763, século XVIII.

O livro: “Notícias do Piauhy” é valioso. Merecedor de leitura atenta. A tal ponto que o atual presidente da Academia Piauiense de Letras buscou, entre tantas ocorrências, os quatro magníficos versos do poeta sertanejo Hermínio de Carvalho Castello Branco (Chapada da Limpeza, Barras, hoje Esperantina, Piauí, 1851-Rio de Janeiro, 1889), versos que consolidaram a conquista da terra e a árdua colonização: “Nos
sertões onde nasci,/ Na viola temperada/ Cantei a glória passada/ Dos campos do Piauhy”.




CARLOS SAID
JORNALISTA E PROFESSOR

terça-feira, 15 de maio de 2012

Escassez de projetos


O Nordeste padece neste ano de 2012 da pior seca em três décadas – muito embora em Estados como Bahia, Maranhão e Piauí o agronegócio do cerrado tenha produzido resultados excepcionais na colheita de grãos. Ainda assim, as pesadas perdas na agricultura familiar, bem assim a falta de água e de pasto, comprometem economicamente a economia agropastoril.

Sem chuvas, centenas de milhares de famílias de pequenos produtores da Bahia até o leste do Maranhão, padecem não somente sem água, mas sem comida para si e para seus rebanhos. É sempre bom lembrar, à guisa de explicação e para melhor entendimento, que na mesa rural nordestina boa parte do que se come se colhe no entorno da casa ou da propriedade.

O drama comove, mas não chega a ser novidade. Nem para os nordestinos, nem para a elite dirigente da região.

Contudo, a situação de agora é um tanto quanto assustadora porque desde 1998 não se assistia à devastação desta ordem, além do fato de que os anos de estabilização econômica concorreram para uma melhoria nas condições de vida do Nordeste – resultado dos programas sociais e mesmo da expansão econômica que fez da região o segundo maior mercado consumidor do país.

O progresso econômico do Nordeste, contudo, esbarra sempre na sujeição que sua economia tem para com os humores meteorológicos, que sendo hoje perfeitamente previsíveis, não deveriam pontuar tanto pelo que a natureza pode prover.

Há uma ausência de projetos e a escassez de pesquisas que possam permitir o desenvolvimento do semiárido, com menor dependência das águas de chuva e mais do uso racional de águas acumuladas em superfície e nas reservas subterrâneas.

Neste sentido é que, em que pese a necessidade emergencial de recursos, é necessário que Brasília passe a tratar de investimentos na região com o fito de evitar perdas econômicas cada vez mais pesadas – para o governo, inclusive, agora prevendo um pacote de R$ 2,7 bilhões a serem gastos para atenuar a calamidade deste ano.

Infelizmente, faltam projetos para tocar um programa amplo e consistente que faça da seca apenas um inconveniente climático. Afora o projeto das chamadas transposição de bacias do São Francisco, segue a região em uma escassez de ideias com o fim de dar vida econômica própria à região.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

O sucesso


Vagando arrebitado, quase sempre solitário, em pessoas a quem a natureza parece ter dito amém, triunfa o sucesso, qual touro indomável que a tantos amedronta e a poucos, muito poucos consegue agradar...

Para alguns, realização profissional; para outros, concretização de amor. A sensação de sucesso varia de acordo com os desejos de cada qual, compondo parcela individualizada de autorrealização. Porque se a natureza abençoa seus escolhidos com dons, também dota outros com força e determinação para que consigam, ao longo da vida, alcançar o sucesso e se tornarem parte da mesma irmandade.

Qualquer um e todos podem alcançar sucesso. Dádiva ou construção, resta agradecer a Deus, se dádiva, ou aclamar com palmas, quando construção.

Embora democrático, porque permite ser atingido inclusive pelos que se dispõem a batalhar por ele, nossa sociedade ainda olha de viés para o sucesso alheio, teimosamente taxando-o de arrogante ou qualquer outra tormenta merecedora de repressão. Não raras vezes, por exemplo, o grande orador, finalizando seu belo discurso - e diante dos aplausos unânimes – curva-se como forma de agradecer a plateia, em gesto que, simbolicamente, reverencia humildade. Seria demasiado assumir de peito erguido o próprio triunfo? O que pensariam os outros se o vitorioso dispensasse falsos ou estereotipados acenos de humildade?

Quase sempre, é como se o sucesso precisasse pedir licença para existir. A roupa bonita, quando elogiada, geralmente vira “de muitos anos”, “já usada” para, na compaixão da inferioridade, conseguir aceitação dos demais.

O carro novo, comprado fácil, eleva-se a “sonho de consumo” (ironicamente) ou qualquer outra condição tanto mais simplória quanto ensejadora de aceitação. A cobiça e a inveja alheias são tantas que não aceitam o luxo fácil - ou a maioria das pessoas prefere mergulhar no fracasso conjunto, resgatando no inferno astral dos outros a sua própria força.

Forma-se verdadeira discriminação ao sucesso, donde os bem sucedidos digladiam-se no covil de uma sociedade frustrada talvez por não ter conseguido atingir anseios íntimos ou realizações pessoais ensejadoras de felicidade – quiçá acomodada numa mesquinhez que se conforta em fatos comezinhos. O preço que é, geralmente, pago aos bem sucedidos, na convivência com o insucesso dos outros, é a falsa humildade ou o medo de expressar suas próprias grandes forças.

Tempo há para tudo, já disse o Livro do Eclesiastes. Inclusive para se engrandecer. E o Direito não discrimina os bem sucedidos, pelo contrário, atribui ao Estado o dever de “promover o bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Portanto, o sucesso recebe tanto os louros de Deus como da Constituição e, mais por isso, deve ser cultivado e encarado com respeito e dignidade, seguido de palmas e, não, de falsa modéstia.

O poeta maior, Fernando Pessoa, já recitara “para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui”. Sucesso não é exagero, tampouco exclusão. Sucesso não precisa pedir licença para existir. Onde quer que esteja, as portas devem se abrir para ele, forte triunfo, a se erguer mesmo diante da fraqueza dos mesquinhos, dispensando humildade traquejada e encontrando irmandade merecida em semelhantes vencedores.




RICARDO OMMATI
TÉCNICO JUDICIÁRIO

A classe C de Avenida Brasil


Romance, vilanias, humor e muita ação são alguns dos ingredientes que compõem o universo da atual novela das nove, “Avenida Brasil”, que tem como cenário principal um lixão de onde se origina toda sua história e, diga-se de passagem, uma boa e consistente história. Porém, os incautos de plantão não podem esquecer
que o lixão apresentado em horário nobre lembra a dura realidade desses locais nos centros urbanos. Mas, apenas lembra porque, na verdade, se trata de ficção e licenças poéticas são inevitáveis.

A novela, a primeira do horário a ser filmada com uma câmera de cinema, tem prendido a audiência com um ritmo alucinante (a começar pela abertura) e ausência de barriga, ou seja, não enrola o telespectador. Desse modo, a trama é recheada de conflitos, desencontros, de humor na hora certa e ainda por cima do tema futebol, tão precioso aos brasileiros. A parte romântica ficou a cargo de Nina/Rita (Débora Falabella) e Jorginho (Cauã Reymond), que já arrebataram o público com aquele romance, embalado ao som da linda
canção de Marisa Monte.

Mas, além de uma boa história nas mãos, João Emanuel Carneiro também apostou na classe C e em seu desejo de se ver representada, pois parte dos personagens da novela é do subúrbio, mas endinheirados; gente que subiu na vida trabalhando e chegou lá é o retrato da nova classe média brasileira, que não tem medo de ser feliz, de falar alto ou dar vexame. É esse público, antes à margem da economia, que agora dá as cartas e determina novos rumos na teledramaturgia.

Hoje, já não interessa mais ver a vida glamourosa de ricos esnobes no primeiro plano, como muito se apreciou no passado, basta verificar um pouco dessa história em novelas da década de setenta ou oitenta, por exemplo. No entanto, agora a história é outra. É a classe C que está mandando. E o glamour finalmente mudou de endereço, é só conferir em “Avenida Brasil”, que também trouxe uma trilha sonora especial para o momento.

Assim, caro leitor, com uma história do balacobaco, a TV acompanha as mudanças políticas, econômicas, sociais e culturais do país e se mantém atual, ao gosto do freguês e essa sintonia, aliás, é fundamental para sua história de sucesso. Portanto, se gostas do gênero continue acompanhando, senão esqueça o enredo e caia apenas naquele ritmo: “Eu quero tchu, eu quero tcha, eu quero thu, tha, tha, tha, tha, tha, tha...”




LILI CAVALCANTI
ESCRITORA

Risco à democracia


As ações deliberadas de grupos políticos unidos pelos interesses escusos em desmoralizar instituições como a mídia e o Ministério Público representam um perigo real para a democracia brasileira. Não se pode admitir que prospere, com efeito, o intento de se arrastar para a lama as instituições, tampouco que avancem as manobras com o fito de enfraquecê-las, a ponto de se ameaçar a existência de pilares fundamentais do estado democrático de direito: a liberdade de expressão, a independência do Ministério
Público e do Judiciário.

O regime democrático pode permitir até mesmo a parcialidade de um veículo de comunicação – posto que é legítimo se apoiar uma posição em desfavor de outra. O que não se pode nem se deve tolerar, jamais, é a ameaça à possibilidade de livre expressão, seja contra ou a favor de algo ou de alguém. É esse bem supremo que está sob ameaça quando se tenta desmoralizar a imprensa ou criar a falsa verdade dicotômica da existência de uma mídia boa e de outra ruim ou golpista ou que trabalha contra o povo.

Pregar ainda contra o Ministério Público, fazendo dele ‘inimigo do povo’, apenas porque cumpre seu papel constitucional de vigilância ao cumprimento da lei, é outro padrão de comportamento inaceitável. Contudo, grupos políticos investigados tendem a considerar que um ‘parquet’ bom é aquele que queda aos seus interesses. Mais uma vez, temos aí um risco a uma institui-ção essencial à democracia.

Estamos, então, diante de uma situação perigosamente danosa para o país: líderes de opinião que poderiam criticar as posturas da mídia, por militância ou parcialidade, e do Ministério Público, por desídia ou favorecimento, preferem atacar a essência das duas instituições, pregando contra sua autonomia. Gesta-se, neste discurso, o ovo da serpente do autoritarismo.

O risco é real porque um volume cada vez maior de brasileiros com boa formação, líderes de opinião, estão desposando a ideia de que é golpismo o cumprimento do papel da mídia em veicular e expandir a visão sobre denúncias, bem assim trata-se de atitude similar a ação do MP no sentido de investigar e propor ações penais ao Judiciário.

Em um ambiente como esse, onde a paixão se movimenta melhor que a razão, há sempre uma chance maior de viçar uma cultura autoritária. Na Alemanha de Hitler, só para ilustrar, a imprensa, o Judiciário e o Ministério Público também foram reiteradamente acusados de agir contra o povo. No caso, o “povo” era encarnado por Adolf Hitler. E todos sabem como essa história terminou.

domingo, 13 de maio de 2012

Mães provedoras


Hoje é o Dia das Mães e discorrer sobre a importância delas é chover no molhado. No entanto, sempre é possível apontar vieses novos em relação à relevância da mãe na formação das pessoas, na construção de sociedades melhores. Em um país como o Brasil, onde um em cada quatro lares a provedora é a mulher, o papel de mãe ganhou mais importância ainda.

O número de mulheres mantenedoras das despesas de casa deve ser ainda maior que um quarto do total de casas.

Isso porque o IBGE acaba de concluir um censo e o dado mais recente ainda é da década passada. Assim, a proporção de mulheres chefiando as famílias seguramente será maior para os próximos anos.

Então, estamos diante de uma abordagem bastante instigante: há milhões de brasileiras que assumem também o papel dos pais na criação dos filhos, não apenas do ponto de vista material capturado pela estatística, mas também sob o aspecto sociológico que somente um olhar mais acurado poderá perceber.

Não é sem sentido, assim, que políticas públicas e as ações empresariais voltam-se para uma sociedade na qual a mulher, na condição de mãe de família, tem importância cada vez maior. Temos agora uma mãe com responsabilidades múltiplas, jornadas de trabalho duríssimas e preocupações que lhe roubam tempo. Então, é bastante adequado que não somente se procure atender às demandas das mães provedoras do lar. É fundamental entender também o que elas querem e precisam.

Estar atento às aspirações das mães provedoras do lar, então, constitui-se em um mecanismo poderoso de
construção do bem-estar social. Uma dessas possibilidades, aliás, é o de fazer com que a renda média das famílias chefiadas por mães seja maior – o que resultará em ganhos para milhões de pessoas. Outra ação importante é aumentar o acesso de crianças e jovens à escola e , por fim, é essencial, qualificar mais adequadamente as mulheres para lhes dar mais condições de competir no mercado de trabalho e em atividades empreendedoras.

Simples palavras para mamãe


De ante=MÃE não dedicaria estas palavras se eu não existisse. Pois foi você quem me deu a luz. Mas gostaria que você soubesse da di=MÃE=são delas. Poderia dar presentes, mas prefiro palavras.

Quando nasci meu choro pediu e você me A=MÃE=mentou e eu dormi até o dia a=MÃE=nhecer.

Quando a dor surgiu em meu abdô=- MÃE a senhora agiu curando-me sem conhecimento de enfer=MÃE=gem. Só com carinho.

Ao   e n g a t i n h a r   t e n t a n d o   p e g a r   a ma=MÃE=dei ra,   t ropecei  e  t ive um he=MÃE=toma e você curou-me com um bei jo.

Você nunca foi de La=MÃE=tar e apesar das dificuldades e das carências sempre ia de=MÃE=dar tudo de que precisávamos.

Quando vieram as primeiras palavras e eu sem as saber pronunciar, você ensinava-me com o seu al=MÃE=naque.

Lembro-me do ambiente fa=MÃE=liar e a senhora co=MÃE=dava todos os filhos com precisão para tornarem-se uma ir=- MÃE=dade.

Numa pri=MÃE=vera pre=MÃE=turamente eu na=MÃE=rando e num e=MÃE=ranhado de problemas a senhora como uma sa=MÃE=ritana sem ser MÃE=- dona e num cha=MÃE=riz conversava.

A idade chegando e a senhora na contra=MÃE da modernidade evoluía acompanhando o crescimento dos filhos.

Numa ta=MÃE=nha no=MÃE=clatura, poderia fazer Poe=MÃES, oferecer Ra=MÃE=lhetes, ri=MÃE=ndo, escrever um RO=MÃE=ce e seria pouco.

Bastaria um me=MÃE=rial de pal=- MÃES para te ho=MÃE=nagear neste dia e mesmo assim de ti jamais me e=MÃE=- ciparia.

Com a i=MÃE=gem de Nossa Senhora que é a Mãe de todas as Mães.

A todas as MAMÃES. Sejam elas MÃE=rias ou MÃE=dalenas.

E em especial à minha: Dona Rai=- MÃE=dinha que há dezenove anos foi se encontrar com Deus.





JOSÉ GREGÓRIO DA S. JÚNIOR
FUNCIONÁRIO PÚBLICO FEDERAL ESCRITOR

sábado, 12 de maio de 2012

Seca e preços


Safras frustradas em parte ou perdidas no todo costumam ser um dos ingredientes mais poderosos na formação de preços elevados - vulgo carestia. Assim, o fenômeno climático que tanto drama causa ao homem do campo, mostra-se devastador sobre o orçamento doméstico das populações urbanas altamente dependentes de alimentos cultivados em um sistema quase que totalmente ligado à regularidade do regime de chuvas.

O efeito da seca em Teresina é perceptível em um dos produtos mais essenciais na dieta do piauiense, o feijão. O tipo sempre-verde, um dos mais populares na mesa nossa de cada dia, chegou ao preço de R$ 10 nos mercados de Teresina. Variedades desse mesmo feijão chamado caupi (branco, vermelho), atingem valores de até R$ 8 – o equivalente a quase duas vezes o custo de um quilo de frango.

Outros preços agrícolas evidentemente devem acompanhar uma tendência de alta e provavelmente a estiagem terá efeitos sobre o cultivo do caju e a apicultura, importante atividade econômica, sobretudo no semiárido, onde tem forte dependência de um perfeito ciclo de chuvas para favorecer floradas naturais mais intensas, base da produção e rendimento das colmeias. Assim, é de se esperar que o custo de outros alimentos como o mel também suba.

Essa situação evidentemente não pode ser evitada, posto que tanto a agricultura de sequeiro e quanto a pastagem floral nativa para abelhas precisam de regularidade pluviométrica para prosperar. No entanto, parece adequado dizer que é necessário reduzir os vieses agrícolas decorrentes da elevada dependência da agricultura em relação à regularidade de chuvas. Neste sentido é que a irrigação poderia e deveria estar sendo usada para favorecer um consórcio entre as culturas de curto ciclo e a apicultura – notadamente no semiárido. Existem tecnologias que apontam neste sentido, muito embora seja necessário destacar os senões dos produtores piauienses ao uso da pastagem cultivada para as abelhas, dado o risco de uso de
agroquímicos, por eles bastante rejeitada. Mas a pesquisa agropecuária aí está para oferecer soluções.

O que é possível dizer, porém, é que o consorciamento entre agricultura irrigada para legumes e frutas de curto ciclo e a criação de abelhas no semiárido deve ser uma solução a ser estudada. Possivelmente, cultivar feijão e fazer desta leguminosa um pasto para as abelhas é um bom caminho para o cidadão da cidade encontrar, nos anos que se seguirão, um quilo deste produto mais próximo do valor que se paga pela mesma quantidade de frango

sexta-feira, 11 de maio de 2012

“Pra ser bom gente, tem que ser bom pra você, aposentado”


Aposentado ou pensionista pode receber o benefício do INSS em cartão magnético ou em conta corrente. É  você quem escolhe o que é bom pra você

Recebimento via cartão do INSS

O beneficiário que recebe por meio de cartão magnético deve sacar o benefício na instituição bancária indicada pela Previdência  Social (INSS), a partir da data de pagamento do seu benefício. Não é você quem escolhe em qual banco que receber.

Recebimento via conta-corrente ou poupança

Ao escolher a modalidade conta corrente, o beneficiário, pode decidir, entre os bancos conveniados com o INSS, onde deseja receber seu benefício. Mas antes é importante comparar as taxas de serviços cobradas e escolher o que for bom pra você.

Posso trocar de cartão para conta corrente

Sim. A qualquer momento você pode solicitar a alteração. Se você já tem conta corrente. Pode utilizá-la para receber seu benefício. Se sua conta for Banco do Brasil, basta assinar o pedido de transferência de benefício na sua Agência BB.

Não é necessário ir a uma Agência da Previdência Social (APS).

BOM PRA VOCÊ do Banco do Brasil


Agora é bom pra você, aposentado, porque tem um pacote de serviços exclusivos, com preço mais barato, taxas de juros entre 0,79% e no máximo 1,80% ao mês, além de cartão customizado para acesso mais simples ao crédito.

Bom pra você que vai financiar veículos com taxas de juros entre 0,95% e no máximo 2,65% ao mês s sem taxa tarifas embutido na contratação.

Bom pra você que vai financiar bens e serviços com taxas de juros entre 1,60% a no máximo 1,98% ao mês, com crédito pré-aprovado e com a conveniência de usar seu Ourocard para contratar o financiamento em um dos milhares de estabelecimentos comerciais em todo o país.

Bom pra você, que receber salário no BB, que terá serviço de assessora Financeira exclusiva, além de redução de taxas e 10 dias sem juros o cheque especial.

Novas taxas PRA VOCÊ no Banco do Brasil


Linhas de créditos
Prazo (meses)
Taxa antiga (% ao mês)
Taxa BOMPRATODOS (% ao mês)
CDC Veículos (Veículos novos)
02 a 58
1,24 a 2,3
0,95 a 2,65
BB crédito automático
02 a 58
3,39 a 6,75
1,99 a 5,8
BB crédito renovação
02 a 58
3,39  6,79
2,39 A 5,99
BB Crédito Consignação INSS
02 a 58
0,85 a 2,04
0,79 a 1,8
BB Crédito Benefício INSS
02 a 58
2,27 a 3,89
2,27 a 3,89
BB Crédito 13º salário-INSS
Única
3,21
2,34
Taxa de juros Cheque Especial
-
1,97 a 8,31
1,38 a 8,31
BB crédito Material de Construção
02 a 54
2,36 a 3,87
1,6 a 1,98
BB Crediário
02 a 48
3,31 a 3,82
1,88 a 1,95
BB Crediário Pagamentos Diversos
02 a 58
3,31 a 4
1,88 a 1,98
BB Crediário Internet
02 a 58
3,31 a 4
1,88 a 1,98
BB Crédito parcelamento cartão
02 a 24
-
2,94
BB Crédito parcelamento cheque especial
02 a 24
-
2,94
Crédito rotativo cartão
-
3,87 a 13,56
2,94

*Respeitadas as condições das linhas e sujeita a aprovação de crédito.

Pacotes de Serviços BOMPRATODOS

Econômico (com assessoria Financeira)               R$ 18,00

Especial (com Assessoria Financeira)                    R$ 30,00

Completo (com Assessoria Financeira)                 R$ 38,00

Pleno (com Assessoria Financeira)                        R$ 54,00

Beneficiário INSS                                                 R$ 6,00



Procure uma de nossas agencias ou o atendimento BOMPRATODOS