Os jovens constituem o público mais afetado pelo desemprego, mesmo em tempos de bonança. Na crise, recai sobre eles um pesado tributo da maior taxa de desocupação – logo de menores ganhos, de piora na qualidade de vida e de menores perspectivas e de esperança no futuro. É para esse público que certamente deveriam se voltar os que neste ano pretendem ser candidatos.
O primeiro passo é essencialmente identificar as demandas dos estratos etários mais jovens da população. Tarefa bastante simples, embora trabalhosa, porque requer a disposição para ler as estatísticas oficiais fresquíssimas liberadas pelo IBGE e, ato contínuo, se dispor a ouvir os jovens pessoalmente. Isso pode fazer bem não apenas ao candidato, que conquistará votos, mas às cidades, que poderão ter políticas menos sonhadoras para atender àquilo que a juventude quer e deseja.
A questão crucial da ocupação dos jovens precisa ser enfrentada pelos municípios. Não com políticas públicas malfeitas, ou, pior que isso, feitas para não funcionar. Caso típico dos programas de qualificação de mão de obra, que, sem fiscaliza- ção, tem se convertido em um grande ralo por onde escoa e definitivamente somem dezenas de milhões de reais. Verdadeiramente, certos programas para educação e instrução profissional de jovens são uma vergonha nacional, tal a desfaçatez com que se desvia dinheiro através deles.
Então, se existem políticas públicas malfeitas, mal utilizadas ou que nada ou quase nada concorrem para melhorar a vida dos estratos demográficos mais jovens no país, os candidatos a prefeito e a vereador precisam assumir compromissos com eles para mudar essa realidade. Mudança possível porque ocorre é nos municípios a gastança irresponsável e sem foco de dinheiro em programas para melhorar a vida dos jovens – muitas vezes sob o disfarce de cursos, eventos e projetos com muito verniz e pouco conteúdo.
Ouvir os jovens, então, é uma ação que nesta campanha precisa ser levada a efeito não somente por interesse nos votos da juventude – perto de um quarto do eleitorado, em média. Precisam-se ouvir os jovens para que se corrijam distorções em programas e ações de governo, que precisam ser mais eficientes, já que as estatísticas de desemprego e desocupação não se movem para baixo, mesmo com todo o dinheiro gasto.